Pastoral do matrimônio

A preparação para o matrimônio e para a vida familiar, tão necessária hoje e sempre, é em primeiro lugar missão da própria família, base da Igreja e da sociedade. É a ela que compete a tarefa da educação para o amor, oferecendo aos filhos as bases sólidas para a estruturação das novas famílias, transmitindo aos jovens os valores que se referem à vida matrimonial e familiar, mediante uma obra progressiva de educação e iniciação.

Entretanto, vivemos numa época marcada pela indiferença, pelo desamor e por separações freqüentes, que demonstram as dificuldades enfrentadas pelas famílias. Diante desse contexto, não só a família, mas toda a sociedade e a Igreja são convidadas a investir na preparação adequada para o casamento, a fim de evitar casamentos desastrados e famílias desajustadas.

Consciente de que o bem da sociedade e de si mesma depende do bem da família, a Igreja sente-se na missão de anunciar os valores do matrimônio no desígnio de Deus, procurando refletir com aqueles que se aproximam deste sacramento sobre a importância do passo decisivo que vão dar, da responsabilidade do estado de vida do matrimônio, sobre a paternidade e maternidade responsáveis, a geração e educação dos filhos, a fidelidade...

Daí a insistência de que a preparação para o matrimônio deve ser tão intensa quanto a dos sacramentos da eucaristia, da crisma e da ordem, que levam anos. Mais. Propõe que a preparação para o matrimônio e para a vida familiar seja um processo longo que começa na catequese, se intensifica na adolescência, assume lugar privilegiado na pastoral da juventude, desabrochando na pastoral familiar específica: preparação imediata dos noivos, celebração condigna do matrimônio e acompanhamento pós-matrimonial.

Partilhando dessa missão, a nossa paróquia procura se articular para responder aos desafios e assumir de forma adequada a sua missão diante da família.

Eis as três grandes etapas da preparação para o matrimônio:

I - A preparação remota para o matrimônio

Deus oferece-nos um dom vocacional para o matrimônio e para a formação de uma família. É preciso preparar-se bem para acolher o mistério divino do chamado vocacional.

A preparação para o matrimônio se insere no contexto da ação evangelizadora e pastoral da Igreja. É imprescindível garantir nas paróquias e comunidades as equipes que se dediquem à preparação  do matrimônio, articulando a pastoral familiar e aquelas que mais diretamente possam oferecer conteúdos, dinâmicas e experiências de convívio cristão e fraterno, como as pastorais de catequese, de juventude, de educação (escola e universidade) e vocacional.

Na preparação remota, acentue-se a educação para o amor humano e cristão, como sinais que acolhemos como dom e exercitamos nos compromissos de nossa vida pessoal, familiar e social. A educação para o amor supõe uma série de requisitos e garantias estruturais, que dificilmente a sociedade nos oferece. Cabe à igreja integrar-se com pessoas experientes e capacitadas, grupos e entidades afins, para assumir a defesa e promoção do matrimônio e da família, pois “a Pátria é a família ampliada”.

Na preparação remota acentue-se ainda a experiência do amor de Deus, da conversão do coração através de uma formação permanente do caráter, da consciência, da razão, da liberdade, das próprias possibilidades e limites; da aceitação de si como base para todos os nossos relacionamentos com as pessoas, na família e na sociedade; do domínio das  nossas paixões desordenadas.

“Educação de casa vai à praça”, porém, quantas pessoas jamais receberam educação em casa, nem as orientações fundamentais para a vida. Suas raízes foram abaladas, seus laços familiares ficaram comprometidos...

II - A preparação próxima para o matrimônio

Seja um processo de formação inicial e permanente, através das pastorais da catequese, da juventude, vocacional, familiar e da educação, onde estas estejam organizadas e articuladas, com a programação inter-setorial de atividades, com etapas bem definidas.

Cada Região deve garantir esta articulação, organizando um cronograma de atividades a serem consolidadas nas paróquias.

Sejam apresentados alguns referenciais vocacionais indispensáveis, como missão própria do ser cristão, construtor da igreja doméstica.

“O que a alma é para o corpo, o cristão é na família e na sociedade”.

Há temas graduais e específicos sobre o namoro, o noivado, o fenômeno da iniciação sexual precoce, a paternidade responsável, a sobrevivência e a qualidade de vida, o trabalho e a economia do lar e tantos outros afins.

Estas temáticas são amplas demais. Para serem aprofundadas, precisamos selecioná-las e adaptá-las à nossa realidade. Geralmente o trabalho da formação cristã para noivos extrapola os recursos humanos de que dispomos para abordá-las numa perspectiva humana e cristã.

A formação cristã para a família é tarefa árdua. Envolve-nos pessoalmente. Tenhamos sempre como base a educação para a fé, para os relacionamentos humanos responsáveis, incluindo a formação afetiva e sexual, que são da natureza do matrimônio, que voltam-se para o convívio social.

III - A preparação imediata para o matrimônio

Forme-se em cada paróquia equipes surgidas da articulação da pastoral familiar com as demais pastorais (acima citadas) formadas por casais e jovens com experiência de vida cristã, atuantes na comunidade.

As presentes orientações pastorais ficariam inutilizadas sem a colaboração coerente dos padres e agentes de pastoral, em relação à doutrina e à preparação adequada ao matrimônio.

Em cada Região episcopal e em cada paróquia é indispensável se programar “Encontros de preparação para o matrimônio”.

A metodologia, a duração, os recursos humanos, didáticos e financeiros devem ser combinados entre o vigário episcopal, os párocos e equipes que diretamente trabalhem articuladamente neste sentido.

Distinção entre curso e encontro

Nos “cursos para noivos” não é producente ou convincente a abordagem apressada de temas, que por sua natureza, são profundos e delicados, tanto na dimensão da fé quanto das ciências (como por exemplo sobre o relacionamento conjugal e planejamento familiar).

Mais do que simples informações doutrinais, científicas, canônicas etc é preferível abordar alguns pontos principais sobre a natureza e a finalidade do matrimônio, seguida de oportunas orientações cristãs. Tais abordagens podem ser animadas por dinâmicas. Sejam adaptadas ao nível cultural dos noivos, usando a pedagogia para o seu compromisso na comunidade cristã.

Esta estratégia parece mais adequada, tentando fazer com que os noivos não se sintam constrangidos “em fazer o curso, se não podem casar na Igreja”.

Os noivos sejam convidados a aprofundar sua experiência de fé e vida, sendo ajudados pela comunidade cristã (paróquia, pastorais e movimentos).

Tais encontros servirão tanto para noivos, como para os que procuram o autêntico sentido do amor, da vida matrimonial e familiar. Tais encontros sejam preparados pela pastoral familiar.

As diversas pastorais e movimentos leigos articulados com a pastoral familiar, sejam solicitados para compor os quadros das equipes e das atividades de preparação para o matrimônio.

A diocese de Sobral solicita ao pároco e à sua equipe uma especial dedicação na preparação imediata ao matrimônio, sobretudo quanto ao seguinte:

- Acolhimento aos que procuram informações sobre o casamento e o processo matrimonial, independentemente das razões (insuficientes) que apresentem. Será, pois, uma oportunidade imperdível para anunciar-lhes a fé e o verdadeiro sentido do matrimônio cristão.

- Encontros com os noivos, antecedendo a celebração litúrgica. Na medida do possível, haja encontros grupais de noivos, oportunizando-lhes uma formação cristã personalizada. Mostre-se por tal gesto, o apreço da Igreja pelo matrimônio e pela família.

- Complementar alguma informação, responder à alguma pergunta ou dúvida, aprofundando algum aspecto abordado nos encontros de preparação.

- Acompanhamento dos casais após a realização do matrimônio, tentando orientá-los a viverem de forma cristã a própria missão na família, na Igreja e na sociedade.